segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ele gosta de Meninos e meninas

Ernesto de Souza Andrade Júnior, o Netinho, cantor Baiano, volta ao cenário musical brasileiro e lança seu 18 º CD depois de algum tempo de descanso e 12 milhões de copias vendidas e junto lança questões presentes e conflitantes na sociedade atual como: O uso de drogas, stress e angustia, e bissexualidade.
“Eu vou te beijar sem cerimônias/ pois quem tem amor não tem vergonha [...] Tá bom?/ há liberdade com disciplina menino com menino / menina com menina”, já cantava Netinho nos seus tempos áureos de “arrasta multidões” em letra criada em parceria com o musico baiano Carlinhos Brown. Multidão essa que talvez nem desse conta do que estava cantando e ouvindo, enquanto pulavam e beijavam-se freneticamente em meio ao caloroso carnaval de salvador. A musica traduzia em poesia algo que o cantor gostaria de falar e ficara engasgado até recente entrevista a revista QUEM: “Eu gosto de meninos e meninas” sem querer ou não, usando as palavras musicadas por outro também bissexual e musico, o vocalista do grupo de Pop Rock Legião Urbana, Renato Russo na Musica “Meninos e Meninas”.
Renato era autor de musicas mais intimistas que em nada remetem ao “pula-pula” dos foliões de salvador, publico de Netinho, porém da mesma forma que o cantor Bahiano ele musicou o que desejava externalizar: A bissexualidade.
O tema é controverso, há quem diga que bissexuais são homossexuais “meio assumidos”, quem diga que são heteros brincando de ser homo, quem diga que são revoltados, pervertidos, e até quem esse comportamento possa causar algum tipo de atração.
O bissexual masculino “ É um homem como qualquer outro. Nasce biologicamente perfeito, não tem disfunções orgânicas relacionadas a sexualidade e cresce se comportando de forma masculina. Ele se sente homem. A única diferença entre bissexuais e os heterossexuais é que, quando sua orientação se sexual se define como bissexual, ele passa a desejar homens e mulheres. Isso é um sentimento, uma vontade, que está “dentro dele” e não depende de sua vontade”, Diz o Medico psiquiatra, psicoterapeuta e sexólogo Ronaldo Pamplona da Costa, autor de Os onze sexos(Gente) e Um homem à frente de seu tempo (Agora), em um artigo na revista “ Ciência & Vida Psique, Edição Especial, Ano II, nº9.
Segundo a Ciência psicanalitica a bissexualidade é um apêndice das monossexualidades (Heterossexualidade e homossexualidade), e não uma orientação sexual, segundo o Psicanalista Alberto Goldin em seu blog (http://bloglog.globo.com/albertogoldin/), no Artigo denominado “Bissexualidade existe? Ele diz que “A sexualidade se estabelece como via de mão única e a duplicidade de opções requer uma investigação mais profunda sobre sua motivação”.
“Se pensarmos com cuidado, a maioria dos humanos é monossexual, seja na opção homo ou heterossexual. A bissexualidade oferece uma segunda opção, o que, sem dúvida, é um privilégio de poucos. Ou se trata de um homossexual que, além de sê-lo, possui atração por pessoas do sexo oposto ou então se trata de um heterossexual que eroticamente aceita os representantes do próprio sexo. Quando se pressiona um homem homossexual para que se relacione com uma mulher, ele reage com angústia ou, às vezes, com pânico. Identicamente quando um homem heterossexual se vê forçado a uma relação homossexual, seja ativa ou passiva, sua reação poderá ir de simples repulsa à repugnância extrema ou intensa angústia. O gozo sexual sempre está relacionado com determinadas condições que o objeto produz, seja a beleza da mulher, a virilidade do homem ou outra infinidade de fatores que variam para cada ser humano.” Ou seja, Ser bissexual, não é mais uma das orientações sexuais, e sim uma forma diferente de viver cada uma delas. Ela não é um antônimo de Homo ou heterossexualidade, e sim de monossexualidade, grupo ao qual a maioria dos humanos pertencem.
Independente de explicações cientifica, viver a sexualidade de forma saudável, é a única recomendação, expressar sua sexualidade e respeitar a sexualidade do outro, é o ponto chave para uma sociedade melhor e menos discriminatória. Até porque “Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente”, e talvez não faça tanta diferença assim, como canta Netinho “Tá bom?/ há liberdade com disciplina” e liberdade e disciplina ainda é a única forma de sexualidade saudável.