quinta-feira, 16 de julho de 2009

A vida imita a arte

A Vida imita a arte. A arte imita a vida. Ou será que a vida e a arte não são coisas tão diferentes assim. Comecei a pensar nisso após lembrar-me do primeiro filme que assisti no cinema, Alladin de Walt Disney. Esse filme me acompanhou durante bastante tempo, já que logo depois de assisti-lo no cinema, meu pai comprou o VHS, e eu como toda criança assistia repetidas vezes.

O que me faz pensar sobre o filme hoje, está um pouco distante do entretenimento das imagens dançantes que me faziam ficar parado no ápice dos meus 5 anos. Percebi que as vezes me vejo como cada personagem do filme. Um herói pobre como Aladim, um Gênio, como o Gênio da Lâmpada, um tolo como o Sultão, amalgamo entre o doce e o hostil como Jasmine, um macaco de circo, como Abu, e até um feiticeiro Vilão como Jafar. Causou-me estranheza, quando percebi o quanto é difícil se ver vilão. Ser o Herói, o sábio, o amigo, e até o tolo é confortável. Imaginar-se vilão causa-me um incomodo absurdo.

O vilão é sempre o personagem odiado. Quase sempre um narcisista, que não importa-se com os outros, e deseja tudo que há de melhor para ele. Usa todos os outros personagens, para a satisfação dos seus desejos. Detentor de um grande poder sobre o herói, seja por ser um feiticeiro, ou até mesmo ocupar um cargo social elevado na história.

Confesso. As vezes tenho desejo de vilania. Não ser vilão a ponto de querer o mal do outro. As trapaças e maldades que desejo, são contra a minha porção “herói pobrinho”. Certos dias a vontade que eu tenho é de não me importar com crianças de rua, com cachorros, com a violência urbana, com a crise do senado ou com morte do Michael Jacksson. Tenho desejo de comprar coisas caras, morar em um luxuoso apartamento e ostentar riqueza custe o que custar, além de corresponder a todos os meus desejos, passando por cima dos meus valores morais, éticos e fazendo uso das pessoas para isso. Ser o “herói pobrinho”, as vezes cansa.

Imagine como é complicado para um pacifista, vegetariano, libertário e estudante de psicologia imaginar-se vilão. Sempre que meu vilão vem a tona, e penso em dar atenção aos meus valores construídos me sinto mal. É como se de alguma forma tentasse empurrar o vilão para o lugar mais escondido e sombrio que pudesse. E cada vez que tento sufocar a porção vilão, ela volta mais forte.

Ultimamente tenho aprendido a viver em harmonia com cada um desses personagens. E aprendendo (a passos lentos confesso) a fazer com que esses personagens interajam criando um roteiro ainda que conturbado e um pouco sem sentido. Herói, vilão, O tolo, o palhaço, o gênio, o macaquinho, todos eles fazem parte do filme, e precisam aparecer, e fazem a diferença no roteiro.

Por fim, me recordo de um outro VHS, chamado “O retorno de Jafar”, que é uma continuação do Filme Alladin. Que é quando o feiticeiro Jafar retorna ao filme em forma de gênio, já que no final do primeiro filme, ele é transformado em um gênio da lâmpada, por um pedido feito por ele, induzido pelo herói, na tentativa de trancafiá-lo na lâmpada e colocá-lo o mais longe possível da história. Nas palavras irônicas do próprio gênio, ele teria “Poderes cósmicos e fenomenais, dentro de uma lampadasinha”.
Pois é gênio não esqueça: Basta uma esfregadinha na lâmpada maravilhosa para que o vilão saia. E dessa vez com poderes tão fortes quanto os seus.

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