“Um homem grávido denovo” disse minha amiga atônita. Entrei no sitio de noticias para verificar a história. Versava basicamente sobre um homem transexual que era casado com um outro homem transexual e ficou grávido por inseminação artificial. Quer dizer eram “mulheres” que se tornaram “homens” e um deles (ou uma delas) engravidou de um outro homem. Entendeu? Sim, é realmente complicado. E as questões que aparecem são maiores que as certezas.
Pode parecer sarcasmo mas acho magníficas essas situações atípicas, por mostrarem que qualquer uma regra que agente possa criar passa a não ter validade quando falamos de comportamento humano.
Quando falamos de relações humanas e relacionamentos, falamos do improvável, do subjetivo do que só pode ser entendido a partir daquele que vive, nunca a partir dos meus próprios valores, que confesso ficam confusos com esse tipo de informação. Pergunto-me: Seriam um casal de lésbicas? Um casal Gay? Um casal Transsexual? E que diferença isso faz para mim e mais que diferença isso faz para eles.
Só me resta desejar boa sorte ao rebento e ficar digerindo minha dúvida, se parabenizo os pais as mães ou se haveria alguma outra nomeclatura.
Fonte: http://oglobo.globo.com/blogs/moreira/posts/2010/01/26/mais-um-homem-vai-dar-luz-nos-estados-unidos-260746.asp
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
Nascer, viver e morrer
O homem nasce, cresce reproduz e morre. Eis uma das maiores mentiras ensinadas para as nossas crianças na escola.
Parece que fazemos parte de um sistema linear onde tudo está previsto e tem que acontecer dentro de regras estabelecidas anteriormente. Como se de alguma forma a vida fosse cartesiana, o que há tempos já sabemos tratar-se de uma inverdade.
Agente nasce se não formos abortados, crescemos se não morremos vitimas dos males do mundo, nos reproduzimos se quisermos constituir uma família ou se quero que meu namorado nunca me abandone e morremos sabe se lá por qual motivo. E nesse meio tempo agente ri, chora, assiste big brother, ama, se casa, se separa, faz sexo compra roupa que nunca vai usar. E vamos vivendo como se de alguma forma estivéssemos no caminho para chegar a algum lugar. Mas aonde? O que ganharam os que cresceram, estudaram, casaram montaram sua família, fizeram macarronada domingo para o almoço? Ganharam felicidade se era isso que eles gostariam para sua vida ou uma vida bem chata caso fizeram isso para alimentar um desejo que não era o deles.
O bom de perceber tudo isso é que descobrimos que a chave do viver está exatamente na não linearidade dos fatos, na não existência de coisas concretas e que as regras somos nós mesmos quem fazemos .Querendo ou não somos os responsáveis pelas nossas escolhas. Encerro com uma frase de Sartre: “Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão” E não sabemos mesmo.
Parece que fazemos parte de um sistema linear onde tudo está previsto e tem que acontecer dentro de regras estabelecidas anteriormente. Como se de alguma forma a vida fosse cartesiana, o que há tempos já sabemos tratar-se de uma inverdade.
Agente nasce se não formos abortados, crescemos se não morremos vitimas dos males do mundo, nos reproduzimos se quisermos constituir uma família ou se quero que meu namorado nunca me abandone e morremos sabe se lá por qual motivo. E nesse meio tempo agente ri, chora, assiste big brother, ama, se casa, se separa, faz sexo compra roupa que nunca vai usar. E vamos vivendo como se de alguma forma estivéssemos no caminho para chegar a algum lugar. Mas aonde? O que ganharam os que cresceram, estudaram, casaram montaram sua família, fizeram macarronada domingo para o almoço? Ganharam felicidade se era isso que eles gostariam para sua vida ou uma vida bem chata caso fizeram isso para alimentar um desejo que não era o deles.
O bom de perceber tudo isso é que descobrimos que a chave do viver está exatamente na não linearidade dos fatos, na não existência de coisas concretas e que as regras somos nós mesmos quem fazemos .Querendo ou não somos os responsáveis pelas nossas escolhas. Encerro com uma frase de Sartre: “Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão” E não sabemos mesmo.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Dá vontade e enfiar a porrada.
Demorei um tempo para voltar a escrever aqui. O fato aqui descrito aconteceu na semana do natal. tomei um ônibus com mais um tanto de pessoas que esperavam junto comigo no ponto, voltando do shopping depois de compras atrasadas de natal, dentre estes tantos subiu um grupo de 3 ou quatro meninos entre 15 e 19 anos. Eram Gays, e falavam em alto e bom som algumas coisas que tinham acontecido com eles durante a semana, assim como faziam quase todos os outros passageiros que ali estavam. Obviamente o grupo chamou mais atenção que os demais e talvez fosse isso que eles quisessem mesmo, até ainenhum problema.
Em um ponto próximo a minha casa eles desceram e um grupo de homens mais velhos que no fundo estavam até então calados, começaram a falar em tom mais alto que os meninos. Primeiro ouvi a frase titulo deste texto “ Dá vontade de enfiar a porrada”, olhei para trás querendo saber em quem iriam bater no ônibus e me preparando para me jogar pela janela em caso de perigo, outro continuou “ Moleque novinho cheio de viadagem”, o mesmo da porrada concluiu “Se é meu filho eu mato, imagina criar um filho para ficar andando cheio de viadagem. Se fosse meu filho daria um tiro de '12' no meio da testa”. Obvio, fiquei estarrecido com as declarações e logo depois tive que descer. Ao andar no curto caminho para minha casa fiquei pensando. Porque “ Dá vontade de enfiar a porrada” em tudo que é diferente do que agente pensa? Muitas vezes essa é a mesma pessoa que luta contra a violência policial na comunidade onde mora, na violência urbana, na violência contra o seu filho e não se dá conta que a violência começa como pensamento para que só depois venha a ser uma ação.
Não tenho pensamentos de mudar o mundo. Mas não existe nada mais importante que a reflexão. Até quando vamos transformar o semelhante em vitimas da nossa própria violência? Até quando Pais como esse senhor vão se achar no direito de matar o diferente ainda que esse seja seu filho? Quando iremos a prender a canalizar essa mesma energia de indignação para questões que realmente são de indignar?
Obvio que existem muitas coisas envolvidas e não daria nem seria interessante de abordar nesse texto. O que fica é a reflexão. Toda vez que pensarmos em violência, que reservemos um pouco desse tempo para refletirmos sobre o nosso próprio desejo de violência porque tem muito ódio fantasiado de bom ato. E pensarmos muito bem sobre que tipo de sociedade agente deseja toda vez que acreditarmos que “enfiando a porrada” vamos resolver alguma questão.
Em um ponto próximo a minha casa eles desceram e um grupo de homens mais velhos que no fundo estavam até então calados, começaram a falar em tom mais alto que os meninos. Primeiro ouvi a frase titulo deste texto “ Dá vontade de enfiar a porrada”, olhei para trás querendo saber em quem iriam bater no ônibus e me preparando para me jogar pela janela em caso de perigo, outro continuou “ Moleque novinho cheio de viadagem”, o mesmo da porrada concluiu “Se é meu filho eu mato, imagina criar um filho para ficar andando cheio de viadagem. Se fosse meu filho daria um tiro de '12' no meio da testa”. Obvio, fiquei estarrecido com as declarações e logo depois tive que descer. Ao andar no curto caminho para minha casa fiquei pensando. Porque “ Dá vontade de enfiar a porrada” em tudo que é diferente do que agente pensa? Muitas vezes essa é a mesma pessoa que luta contra a violência policial na comunidade onde mora, na violência urbana, na violência contra o seu filho e não se dá conta que a violência começa como pensamento para que só depois venha a ser uma ação.
Não tenho pensamentos de mudar o mundo. Mas não existe nada mais importante que a reflexão. Até quando vamos transformar o semelhante em vitimas da nossa própria violência? Até quando Pais como esse senhor vão se achar no direito de matar o diferente ainda que esse seja seu filho? Quando iremos a prender a canalizar essa mesma energia de indignação para questões que realmente são de indignar?
Obvio que existem muitas coisas envolvidas e não daria nem seria interessante de abordar nesse texto. O que fica é a reflexão. Toda vez que pensarmos em violência, que reservemos um pouco desse tempo para refletirmos sobre o nosso próprio desejo de violência porque tem muito ódio fantasiado de bom ato. E pensarmos muito bem sobre que tipo de sociedade agente deseja toda vez que acreditarmos que “enfiando a porrada” vamos resolver alguma questão.
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