“Todo dia a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito e a solidão é pretensão de quem fica escondido fazendo fita”.
Não sei o motivo ocasionador das insônias do autor da canção “Pro o dia nascer feliz” com a qual abro esse texto Cazuza. Pela Biografia do cantor provavelmente não eram os mesmos fantasmas que assombram as minhas noites. Cidadão pacato que sou e nem um pouco rebelde e brilhante quanto Cajú.
A insônia tem sido tratada como doença. E como toda doença tem um remédio que cure, cada dia mais e mais pessoas se entopem de calmantes e soníferos para se “desligarem” como se robôs fossem. Trabalho, estudo, família, um dia inteiro na rua e ao chegar em casa um comprimido um copo de água e pronto temos um problema resolvido. Aquele que não dormiria agora dorme para poder fazer tudo aquilo que tem por obrigação no outro dia fazer.
Toda vez que comento sobre a minha ansiedade e a minha insônia recebo toda sorte de conselhos. Desde “deita e espera o sono chegar” Até “Procure um remédio”. E no imaginário das pessoas “ Como um futuro profissional de psicologia é ansioso e tem insônias?” Acredito que a insônia, assim como alguns outros sintomas nem sempre podem ser lidos como uma doença ou um problema a ser resolvido. É só a ponta de algo mais profundo e isso sim precisa ser resolvido e leva tempo. Tempo esse que temos pouco. No outro dia preciso acordar e fazer mil coisas 90% delas que eu não gostaria de estar fazendo.
A minha insônia pelo menos sempre tem um conteúdo expressivo. Algo que preciso tomar ciência e não consigo sabe-se lá por qual motivo. Tanto que assim que isso me vem a consciência os sintomas de ansiedade passam e eu relaxo e durmo. Como se nada anterior a isto tivesse acontecido. Logo a minha insônia na grande maioria das vezes não é um problema mas o início da soluçãoe. Imagine se eu tivesse tomado um remédio. Provavelmente estaria acordando dopado não tendo dormido bem e não estaria de madrugada escrevendo esse texto sobre algo tão importante a ser discutido no dia de hoje.Quanto tempo temos para resolver as nossas próprias questões.
Só espero encarecidamente que minhas expressões procurem outras formas de me dar ciência delas, se eu pudesse opinar, preferia que elas viessem em sonhos. Porque eu estaria dormindo e relaxado enquanto me conscientizava das questões. Unia o útil ao agradável.
Cada um escolhe o que fazer com o que lhe incomoda não pretendo ditar regras ou falar mal de medicamentos é apenas uma reflexão. Como Cazuza estou sempre “Nadando contra a corrente. Só pra exercitar”. Grande exercício esse de pensar.
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