sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Novamente no onibus

Algumas pessoas e eu vestidas com roupas comuns. O ônibus em que estávamos passava por um local onde circulavam outras com roupas exoticamente coloridas. Talvez palhaços e drag queens. Esperei por uma retaliação dos passageiros para com o grupo diferente. Ao invés de ofensas e xingamentos, êxtase e aplausos. Fiquei tão assustado com o comportamento daquela gente que sabia respeitar as diferenças. Acordei logo após. Era um sonho.

Na semana do natal fui comprar algumas coisas. Tomei um ônibus. Tinham algumas pessoas diferentes. Ao descerem foram xingados e ameaçados. Como eu relatei no texto “Dá vontade de enfiar a porrada”. Desci do ônibus irritado.

Carnaval, Eu e minhas amigas fomos para o centro da cidade, ao voltarmos tomamos um ônibus. Dentro haviam algumas pessoas que também voltavam do carnaval. Um casal e um menino, aparentemente gay, estavam tocando alguns instrumentos. O Casal desceu e um rapaz mal encarado foi até o menino que ficara, falou algumas coisas em voz baixa. Perguntou “ O que você é? repete o que você é?” depois de um bate boca começou a deferir socos no menino por um motivo que desconheço mas aparentemente ligado a sexualidade do rapaz.

Eu, um ônibus em movimento e a mesma situação. Obviamente a realidade é bem mais dura do que o sonho. Na realidade sente-se vontade de enfiar a porrada e dar um tiro de 12 e o pior, enfia-se a porrada de verdade. Mata-se de verdade. Odeia-se a diferença de verdade.

No último episódio minha reação foi de pânico e de aminesia temporária. Como se por alguns instantes minha alma se ausentasse da situação, já que eu não poderia me ausentar por completo. Quando relatado os fatos a maioria das pessoas me disseram que é assim mesmo a vida e que eu deveria me acostumar. Não. Eu não me acostumo. Não vou cair na normose de achar que intolerância e violência devem ser vistas como algo que fazem parte da minha vida. Na minha normalidade eu não aceito isso.

O que será que a vida quer me dizer com situações tão parecidas? Um ônibus em movimento. Pessoas diferentes. Intolerância. E eu, passivamente inconformado e surpreso, esperando que isso um dia mude.

O que a vida aguarda de mim eu não sei. Só sei que enquanto quem tem consciência continuar passivo. A situação tende a caminhar ao contrario do relato do meu sonho. Aguardo ansiosamente qual será o destino do meu próximo ônibus.

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