sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ele está no meio de nós

Tive contato com algumas religiões. Umas por experiência direta, outras por leituras e conversas com meus amigos. Este tema sempre me agradou. Porém durante um bom tempo afastei-me porque algo no ambiente religioso me causava agonia. As músicas já não me agradavam, ir ao templo era cansativo, além de que a convivência com certas pessoas, ritos e algumas coisas que eram ditas era-me quase insuportável. Preferi entrar então em um estado de “latência religiosa.”

Atraído pelo título comecei a ler “Psicologia e Religião” de C G Jung. Não conseguia parar um só instante. Jung fala com clareza sobre a religião de forma empírica, sem fanatismo ou estar ligado a qualquer religião. É apenas um cientista estudando o fenômeno das religiões. A Leitura deste livro me acendeu a dúvida, o que considero fundamental para que possamos voltar ao nosso estado religioso. O estado religioso ao qual me refiro é o estado da dúvida e da ausência. Este não esta envolvido com qualquer religião e nem mesmo ao teismo ou o ateísmo. É apenas o estado humano de voltar-se para sí e verificar seus anseios e duvidas e não necessariamente respondê-las mas aprender a conviver com elas.

Após o termino da leitura percebi uma mudança de visão. Não é preciso estar envolvido em religião para que eu possa manter-me no estado reflexivo e pensante, sem o peso do racionalismo. É impossível ser humano e querer viver dentro de um racionalismo cartesiano. As coisas não são matematicamente explicáveis e nem precisam ser. É essa leveza do estado religioso que falta ao mundo.

A busca por respostas para tudo acaba nos tornando ansiosos, violentos e tendo que dar resposta ao universo e aos outros não nos permitindo sermos apenas humanos e viventes. Algumas pessoas podem ver-me ateu outras um teista ou espiritualista, ou até um confuso. A Única coisa que sei é que tratando-se de divindade cada um tem a(s) sua(s) e a(s) cultua da forma que bem entender. Engana-se quem crê que precisa-se ser teista para tal. A divindade está dentro de nós. A potência de criação assim como o poder de transformação é humano e nele está presentificado nossa parte divina. Se não exteriorizamos em um ser ou seres metafísicos, exteriorizamos em objetos, pessoas, e crenças.

Por fim, ainda que a religião seja visto por alguns como criação humana. Questiono-me : O que no mundo não é criação humana? As coisas e pessoas estão no mundo mas só passam a existir a partir da significação humana. Ou seja se Deus, religião ou qualquer outra coisa são criações humanas de forma alguma elas não existem. Enquanto o homem existir as outras coisas sempre existirão. Deus, não precisa existir, “ele está no meio de nós”.

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